| Rio Tietê

O rio Tietê é um dos grandes ícones do estado de São Paulo. Seu curso é responsável por abastecer, de forma direta, quase 20 milhões de habitantes, além de outros milhares que se beneficiam de forma indireta, como pela produção de energia. Além disso, é o rio mais importante do estado e um dos mais importantes da Região Sudeste.

Entretanto, também é um dos mais poluídos do país, chegando a ocupar a primeira posição desse cruel ranking em alguns estudos devido ao esgoto doméstico e industrial lançado em seu curso desde 1940, quando a cidade de São Paulo começou a se destacar no cenário industrial brasileiro.

A história de São Paulo passa pelo rio Tietê. Durante muitos anos, esse rio foi o canal de comunicação usado pelos bandeirantes, nos séculos XVI e XVII, para chegarem ao interior do país, sendo rota comercial entre o interior e o litoral paulistas.

Com isso, a importância desse rio para os habitantes do estado de São Paulo é enorme, pois, além de poder escoar a produção paulista para o interior e também para alguns países do Mercado Comum do Sul (Mercosul), esse rio cruza a maior metrópole do Brasil. Vejamos a seguir algumas informações sobre o rio mais importante do estado de São Paulo.

De acordo com o Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, o rio Tietê, desde sua nascente até a sua foz, tem um comprimento de 1.136 quilômetros, passando por 62 cidades paulistas até desembocar no Rio Paraná, na fronteira com Mato Grosso do Sul.

Ao contrário da maioria dos rios, que correm em direção ao mar, o Tietê corre no sentido leste a oeste. Esse sentido não é muito comum nas bacias hidrográficas e cursos de rios, pois o natural seria o rio correr em direção ao mar. No caso do Tietê, ele corre em direção ao interior, uma grande peculiaridade desse rio.

A nascente do Tietê encontra-se na cidade de Salesópolis, localizada na região metropolitana de São Paulo, na Serra do Mar. Essa nascente está a 1120 metros de altitude, em uma área coberta por Mata Atlântica e extremamente preservada. Devido à altitude, mesmo estando a menos de 22 quilômetros em linha reta do Oceano Atlântico, o curso do rio não consegue vencer a serra, sendo o caminho mais fácil o rumo ao interior. A foz do rio Tietê é no rio Paraná, na fronteira entre Mato Grosso do Sul e São Paulo. Durante seu curso, o Tietê banha 62 municípios paulistas.

Até o século XVII, o rio Tietê era chamado de Anhembi em referência a uma ave típica da região, as anhumas. O primeiro registro da palavra Tietê aconteceu no ano de 1748, quando foi adotado o atual nome.

A palavra Tietê, em tupi-guarani, significa água verdadeira, com junção de duas palavras da língua nativa: ti, que quer dizer água, e etê, que pode ser traduzido como verdadeiro.

O regime hidrográfico do rio Tietê pode ser dividido em quatro trechos ao longo de toda sua extensão.

Alto Tietê: talvez o principal trecho do rio. Vai desde sua nascente, em Salesópolis, até a cidade de Pirapora do Bom Jesus, passando pela capital do estado. Tem 250 quilômetros de extensão e uma queda que chega a 350 metros.

Médio Tietê Superior: de Pirapora do Bom Jesus, esse trecho vai até a cidade de Laras, com 260 quilômetros de extensão.

Médio Tietê Inferior: trecho em que o rio é quase todo canalizado, com várias barragens para vários tipos de aproveitamento, como a produção de energia. É aqui que temos o principal afluente do rio Tietê, o rio Piracicaba.

Baixo Tietê: principal trecho da hidrovia Tietê-Paraná, sendo essencial para o escoamento da produção agroindustrial de São Paulo. Possui uma extensão de 240 quilômetros.

O rio Tietê é amplamente usado pela população paulista para diversas atividades, como navegação, turismo, produção de energia, uso em plantações agrícolas, abastecimento de cidades, enfim, é um rio que deve ser tratado de forma grandiosa, assim como é sua serventia à população.

Em termos históricos, o Tietê foi fundamental para a conquista do interior brasileiro, pois serviu de acesso para áreas mais distantes do litoral. Foi decisivo para o grande desenvolvimento econômico de São Paulo, principalmente para a produção do café, pois suas águas eram utilizadas para irrigar as plantações cafeeiras.

Para a população, era uma grande hidrovia até meados da década de 1830, quando estradas foram abertas, além do desenvolvimento do comércio regional. Ao longo de seu curso, até meados da década de 1930, esportes aquáticos eram praticados em quase todo o rio, como remo e natação. Na capital paulista, competições eram realizadas até esse período, quando o rio já estava poluído, mas não tão comprometido quanto agora.

No início do século passado, o Tietê proporcionou momentos inesquecíveis para quem desfrutava de suas águas. Lazer, piqueniques, encontros nos finais de semana, natação e outras atividades similares eram frequentes nas margens do rio. Porém, a poluição foi maior do que o desejo de proteção, e essas atividades, atualmente, pelo menos nos trechos próximos à cidade de São Paulo, são praticamente impossíveis.

Ainda assim, com a poluição e contaminação sofridas pelo desenvolvimento urbano e industrial do estado, é no Tietê que estão localizadas as usinas hidrelétricas mais importantes: Ibitinga, Bariri e Barra Bonita são alguns dos exemplos de usinas que geram energia para o estado mais rico do Brasil.

Localizado no estado mais rico do país, por muito tempo o Tietê era a principal comunicação entre interior e cidades próximas ao litoral. Com o grande desenvolvimento e exploração de recursos naturais nos últimos três séculos, atualmente esse rio é considerado, por alguns estudos, o mais poluído do Brasil.

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por dia são lançados três bilhões de litros de esgoto e dejetos industriais, uma média de 35 mil litros por segundo, na região metropolitana da cidade de São Paulo. Por essa razão, o trecho que cruza a cidade de São Paulo e suas cidades vizinhas é considerado morto, sem oxigênio e extremamente prejudicial à saúde. Esse trecho pode chegar a 122 quilômetros, mais de 10% de todo o rio.

Com o passar dos anos, o interesse econômico sobrepôs-se ao interesse ambiental, sendo o rio Tietê renegado pelas políticas de preservação ambiental. Na década de 1920, o rio já estava em uma situação crítica de poluição. Na época, o engenheiro sanitarista Saturino de Brito criou um projeto que previa a despoluição do rio, criação de lagos artificiais para o abastecimento humano e preservação de mananciais. Suas ideias eram tão ousadas para a época que nenhuma saiu do papel.

A empresa canadense Light, que operava na produção de energia no rio, barrava qualquer tipo de atividade no curso d´água ao longo da região metropolitana. Dessa forma, o Tietê transformou-se em um grande transporte de lixo, esgoto e resíduos industriais.

Em 1992, a Sabesp criou o Projeto Tietê, que prevê um aumento na quantidade de tratamento de esgoto que é lançado no rio. De acordo com a empresa, desde que o projeto se iniciou, mais de 350 milhões de litros de esgoto foram retirados e tratados. O índice ainda é pequeno, mas prova que algo está sendo feito.

A região metropolitana de São Paulo possui 34 municípios. Desses, 19 não fazem tratamento do esgoto, que é diretamente jogado nos córregos afluentes do Tietê e também no próprio rio.

Para aprimorar essa conscientização, foi escolhido o dia 22 de setembro como o Dia do Rio Tietê, um rio que foi tão útil aos paulistas, mas que está precisando de cuidados. Se a população não mudar de atitude, a situação continuará crítica e o projeto de despoluição não trará os resultados esperados. A saúde do Tietê não depende só das políticas públicas, mas de todos nós.

Fonte: Mundo Educacao UOL